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Adote disciplina para não recorrer sempre ao empréstimo

Adote disciplina para não recorrer sempre ao empréstimo

28/06/2025 - 17:59
Lincoln Marques
Adote disciplina para não recorrer sempre ao empréstimo

O Brasil vive um momento crítico de endividamento, que afeta a qualidade de vida de milhões de famílias. A adoção de disciplina financeira é essencial para romper o ciclo de dependência do crédito fácil.

Cenário Atual do Endividamento no Brasil

Até abril de 2025, cerca de 70 a 73 milhões de pessoas inadimplentes enfrentam dificuldades para honrar compromissos financeiros. A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic/CNC) aponta que 77,6% das famílias estão endividadas, um aumento em relação aos 76,7% registrados em dezembro de 2024.

O comprometimento da renda média com dívidas acelerou para 30% em abril, e 55,4% das famílias possuem entre 11% e 50% de sua renda comprometida. O Banco Central confirma que, em fevereiro, esse índice chegou a 27,2%, o maior desde 2023.

Por que as pessoas recorrem tanto ao empréstimo

O endividamento é impulsionado por vários fatores que pressionam o orçamento doméstico e facilitam o acesso ao crédito:

  • Inflação acumulada de 5,53% nos últimos 12 meses, elevando o custo de vida e exigindo empréstimos para pagar contas básicas.
  • Acesso facilitado ao crédito por fintechs, muitas vezes sem orientação adequada sobre juros e prazos.
  • Uso contínuo de cartão de crédito e cheque especial, com taxas elevadas que podem ultrapassar 100% ao ano.

Riscos do endividamento crônico

Quando a dívida se torna crônica, surgem consequências graves. Primeiro, o consumo é reduzido para priorizar pagamentos, afetando negativamente o varejo e a economia.

Além disso, a bola de neve financeira se forma quando novas dívidas são contraídas para quitar as antigas, aumentando a vulnerabilidade das famílias.

Sem educação financeira, o risco de inadimplência se intensifica, comprometendo o futuro financeiro e gerando estresse emocional.

A importância da disciplina e do planejamento financeiro

Adotar disciplina significa criar hábitos saudáveis que garantam controle sobre as finanças pessoais. Um planejamento detalhado permite visualizar receitas e despesas, evitando surpresas no fim do mês.

É fundamental estabelecer limites claros para o uso de crédito e acompanhar o nível de endividamento, de modo a manter o comprometimento da renda abaixo de 30%.

Dicas práticas para evitar a dependência do crédito fácil

  • Monte um orçamento detalhado mensal, listando todas as fontes de renda e despesas fixas e variáveis.
  • Corte gastos supérfluos e evite compras por impulso, focando no essencial para reduzir despesas.
  • Crie um fundo de reserva para emergências, reservando de 5% a 10% da renda mensal.
  • Negocie dívidas com antecedência, buscando prazos mais longos e taxas menores antes de contrair novos empréstimos.
  • Invista em educação financeira continuada, participando de cursos, leituras e consultorias especializadas.
  • Defina limites rígidos para cartão e cheque especial, bloqueando valores extras para evitar gastos não planejados.
  • Monitore o comprometimento de renda para não ultrapassar 30% da renda líquida em dívidas.

Como lidar com dívidas já existentes

Para quem já enfrenta endividamento, a primeira medida é mapear todas as obrigações e identificar juros mais altos. Priorize o pagamento de dívidas com maiores taxas para evitar o crescimento acelerado do saldo devedor.

Negocie com credores buscando condições mais favoráveis. Muitas instituições oferecem programas de renegociação que podem estender prazos e reduzir juros.

Em casos de endividamento severo, avalie a possibilidade de orientação profissional, como consultores financeiros ou serviços de proteção ao consumidor.

Evolução esperada e necessidade de mudanças estruturais

As projeções para 2025 indicam aumento de 2,4 pontos percentuais na taxa de famílias endividadas e crescimento de 0,5 ponto na inadimplência. Esse cenário reforça a urgência de mudanças estruturais.

Programas de renegociação promovidos pelo governo devem ser acompanhados de ações educativas para evitar o reingresso em ciclos de dívida. A longo prazo, é necessária uma cultura de educação financeira desde a escola.

Somente assim as famílias brasileiras poderão adotar hábitos duradouros de economia e reduzir a dependência de empréstimos, garantindo segurança e tranquilidade financeira.

Lincoln Marques

Sobre o Autor: Lincoln Marques

Lincoln Marques