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Cuidado com empréstimos oferecidos por telefone

Cuidado com empréstimos oferecidos por telefone

21/03/2025 - 22:35
Lincoln Marques
Cuidado com empréstimos oferecidos por telefone

Em meio ao cotidiano acelerado e ao número crescente de chamadas telefônicas, ofertas de crédito emergem constantemente. Este artigo apresenta informações fundamentais para quem deseja se proteger de abordagens suspeitas e viver com mais segurança financeira.

O panorama atual das ofertas de empréstimos

No Brasil, até fevereiro de 2025, havia 263,6 milhões de celulares ativos, o que resulta em densidade de 120,99 celulares por 100 habitantes.

Esse cenário facilita a propagação de chamadas de telemarketing, principalmente para quem possui um perfil de maior vulnerabilidade social, como aposentados, pensionistas e servidores públicos.

Regiões com maior concentração de pré-pagos costumam coincidir com localidades de menor acesso à internet fixa, limitando ainda mais as opções de atendimento digital. Nesses locais, a dependência quase exclusiva de celulares aumenta a exposição a ligações fraudulentas e dificulta a adoção de medidas de segurança mais elaboradas.

Como funcionam os golpes

Os golpistas atuam criando confiança, muitas vezes se passando por instituições conhecidas, para obter informações e dinheiro das vítimas. Veja abaixo alguns passos comuns:

  • Contato inicial via ligação ou mensagem anunciando condições especiais para portabilidade ou renovação do empréstimo;
  • Solicitação de demandas de senhas bancárias e instruções para acessar sistemas oficiais com e-mails sob controle dos golpistas;
  • Promessa de taxas de juros abusivas, criando pressa para fechar o negócio;
  • Pressão constante, com múltiplos contatos para concluir a fraude antes que a vítima perceba.

Além de ligações, o assédio inclui WhatsApp, SMS e até aplicativos maliciosos, consolidando campanhas de publicidade direcionada não autorizada. Esse conjunto de canais amplia o alcance dos criminosos e dificulta a identificação de padrões de fraude.

Legislação e iniciativas de proteção

Nos últimos anos, o Congresso Nacional discutiu diversos projetos para coibir essas práticas abusivas. Dois dos principais são o PL 826/21 e o PL 133/2024, detalhados na tabela abaixo.

Se a oferta for dirigida a aposentados e pensionistas do INSS, a multa pode chegar a multa de 200 a 1.000 salários revertida ao Fundo de Defesa de Direitos Difusos.

Outra iniciativa de destaque é a criação de um cadastro centralizado de consumidores, inspirado no serviço original “Não Perturbe”, que promete dar mais poder ao cidadão para bloquear ofertas invasivas.

Apesar dos avanços legislativos, muitos consumidores ainda utilizam números de operadoras desconhecidas e não têm clareza sobre seus direitos. A fiscalização efetiva das operadoras telefônicas e a colaboração entre órgãos de proteção ao consumidor e instituições financeiras são essenciais para que a lei saia do papel e se traduza em segurança real nos atendimentos.

Consequências para as vítimas

As repercussões de um golpe podem ser devastadoras, afetando a saúde financeira e emocional da pessoa. Entre os principais impactos, destacam-se:

- Contratação indevida de empréstimos, levando a dívidas inesperadas e contas automáticas debitadas sem autorização.

- Comprometimento de benefícios de aposentadoria ou pensão, caso as parcelas sejam descontadas diretamente na folha de pagamento do INSS.

- Em casos extremos, é comum ocorrer o bloqueio do celular do consumidor como forma de coação para saldar dívidas, uma prática já considerada abusiva pela Justiça.

Além dos prejuízos financeiros, as vítimas frequentemente relatam impacto negativo em sua saúde mental, desenvolvendo ansiedade e medo de utilizar serviços bancários. A quebra de confiança em instituições financeiras pode levar a um ciclo de exclusão, onde o consumidor teme até mesmo realizar operações simples.

Medidas práticas de autoproteção

É possível adotar ações simples no dia a dia que aumentam significativamente a segurança contra fraudes:

  • Não fornecer dados pessoais e bancários em ligações ou mensagens, mesmo que o interlocutor pareça legítimo;
  • Buscar sempre os canais oficiais de atendimento do banco ou financeira para confirmar qualquer oferta;
  • Inscrever seu número em plataformas como “Não Perturbe” e manter o cadastro atualizado;
  • Desconfiar de ofertas realmente não solicitadas e vantagens que pareçam exageradas;
  • Exigir comprovantes e detalhes por escrito, avaliando as condições com calma antes de aceitar qualquer proposta.

Investir alguns minutos na verificação de cada contato pode evitar prejuízos que levariam meses ou anos para serem sanados.

Promover a educação financeira em comunidades vulneráveis e compartilhar relatos reais de vítimas pode aumentar a conscientização. Campanhas de informação, tanto em redes sociais quanto em espaços públicos, são ferramentas poderosas para criar uma cultura de prevenção e denúncia.

Além dessas práticas individuais, é fundamental que a sociedade continue atenta e cobre das autoridades a efetiva implementação das leis já aprovadas. Somente com fiscalização rigorosa e punições severas será possível reduzir o número de golpes e proteger aqueles que mais precisam.

Ao manter-se informado e adotar cuidados básicos, o consumidor fortalece seu papel de protagonista em sua própria vida financeira. A responsabilidade de coibir ofertas abusivas é compartilhada entre cidadãos, órgãos reguladores e instituições financeiras.

Portanto, sempre que receber uma oferta de empréstimo ou financiamento por telefone ou mensagem, lembre-se: sua atenção e cautela são as melhores defesas.

Lincoln Marques

Sobre o Autor: Lincoln Marques

Lincoln Marques