Em um cenário onde as dificuldades financeiras se cruzam com laços de afeto e confiança, muitas pessoas se veem pressionadas a emprestar o próprio nome para dívidas em nome de terceiros. Essa prática, aparentemente altruísta, carrega riscos profundos que podem comprometer não apenas o bolso, mas também a saúde emocional e as relações pessoais.
Emprestar o nome para outra pessoa envolve assumir dívidas em nome de alguém que não consegue obter crédito por restrição no nome ou score baixo. Isso pode ocorrer ao ceder documentos pessoais, cartão de crédito, ou simplesmente ao incluir seu nome em contratos de empréstimo e financiamentos.
Embora muitos vejam esse gesto como uma forma de solidariedade, a verdade é que quem assina o contrato é o único legalmente responsável por quitar a dívida, mesmo se outra pessoa se comprometer a pagar.
Frequentemente, a decisão de emprestar o nome a terceiros nasce de motivações emocionais e sociais, como:
Essas razões tornam a oferta de nome mais atraente do que realmente é, ofuscando os perigos previstos pela legislação e pelo mercado financeiro.
Nem sempre o pedido parte de alguém de má-fé, mas a prática pode gerar problemas de grande magnitude. De acordo com o SPC Brasil, 17% dos inadimplentes ficaram negativados após emprestar o nome; desses, 31% ajudaram amigos e 22% ajudaram irmãos.
Em 41% dos casos, o titular do nome arcou sozinho com toda a dívida; 49% ainda estão negociando os valores; apenas 3% das dívidas foram pagas integralmente pelo solicitante.
Além disso, estima-se que 8% dos endividados no Brasil estão nessa situação exatamente por terem emprestado o nome para terceiros sem receber o pagamento.
A principal consequência é responsabilidade legal e financeira. Como signatário do contrato, você é quem deve responder perante a instituição financeira. Caso ocorra inadimplência, poderá ter o nome negativado e ver seu score rebaixado.
Isso dificulta a obtenção de novos financiamentos, cartões ou até mesmo a assinatura de serviços essenciais, como planos de telefonia e aluguel de imóveis. Em último caso, a instituição pode mover ações judiciais, gerando custos adicionais com honorários e multas.
Além das dificuldades financeiras, problemas emocionais graves podem surgir. A ansiedade, o medo de cobranças e o estresse constante afetam a qualidade de vida. Cobranças insistentes por telefone ou notificações judiciais tensionam laços afetivos.
Emprestar documentos ou nome para prática de empréstimo pode configurar crimes graves. Se houver comprovação de fraude, o ato pode ser enquadrado como falsidade ideológica ou estelionato, especialmente quando há intenção de enganar instituições.
Documentos cedidos podem ser usados em operações de lavagem de dinheiro ou outras ações ilícitas, envolvendo o cedente em investigações sem que ele tenha participação direta no delito.
Quando o titular precisado de pagar a dívida não cumpre com o acordo, o cessionário geralmente recorre à poupança, a investimentos ou até à venda de bens para quitar o débito. Essa retirada de recursos compromete planejamento de longo prazo, aposentadoria e projetos importantes, como compra de casa própria.
Margem para novos empréstimos fica comprometida, favorecendo o ciclo de endividamento e aumentando o nível de estresse financeiro.
Não é necessário expor seu nome a riscos para ajudar alguém em dificuldade. Confira algumas opções:
Se ainda assim considerar ajudar, avalie criteriosamente:
Sem esses critérios, a ajuda pode custar muito mais do que o valor emprestado, gerando consequências imprevisíveis.
Para evitar surpresas desagradáveis, siga estas orientações:
Ao adotar essas práticas, você reduz significativamente os riscos de enfrentar cobranças indevidas, processos judiciais e conflitos pessoais irreversíveis.
Em um mundo onde a confiança é um bem valioso, proteger seu nome e sua saúde financeira deve estar acima de qualquer desejo de ajudar impulsivamente. Informar-se, criar condições de apoio seguro e avaliar alternativas legítimas são passos essenciais para oferecer ajuda sem colocar em risco seu futuro e suas relações mais queridas.
Referências