Em um país onde mais de 61 milhões de brasileiros estavam inadimplentes em 2020, a busca por soluções rápidas para aliviar o peso das dívidas tornou-se rotineira. Muitas pessoas, afundadas em pagamentos de cartão de crédito e cheque especial, acabam recorrendo a um novo empréstimo para quitar outro e encontrar um fôlego momentâneo.
Essa estratégia, embora aparentemente inteligente, pode esconder armadilhas capazes de transformar um alívio imediato em uma bola de neve impossível de conter. Antes de considerar essa alternativa, é fundamental refletir sobre os riscos e explorar caminhos mais sustentáveis.
Tomar um empréstimo para pagar outro pode parecer um verdadeiro respiro quando as datas de vencimento se acumulam. No entanto, esse movimento financeiro costuma dar início a um ciclo vicioso:
Você contrai uma nova dívida, muitas vezes sem remover completamente a anterior do seu radar, e acaba mantendo duas ou mais obrigações em aberto. A cada parcela paga, o saldo devedor pode reduzir-se muito pouco, especialmente se a taxa de juros do primeiro empréstimo era elevada.
Em pouco tempo, a soma dos encargos e dos juros resultantes das múltiplas operações pode superar o montante originalmente contratado, tornando a sustentabilidade do orçamento doméstico cada vez mais frágil.
Embora a vontade de reorganizar dívidas seja legítima, recorrer a um novo empréstimo para esse fim implica em perigos reais. Entre eles, destaca-se o alto custo de juros rotativos de operações de crédito imediatas, como o cartão de crédito, que podem ultrapassar 1.000% ao ano.
Além disso, muitas instituições aplicam taxas administrativas ou de análise, o que pode elevar o custo efetivo em até 5% sobre o valor contratado. Sem falar no risco de crédito: ao acumular operações, seu score cai, e o próximo empréstimo poderá vir com juros ainda mais elevados.
O cenário se agrava quando a facilidade no acesso ao crédito atinge grupos vulneráveis, como aposentados, pensionistas e servidores públicos. Essas pessoas podem se sentir seguras com o volume de empréstimos liberados, mas, na verdade, aumentam seu risco de falta de planejamento financeiro e superendividamento.
Embora incomum, trocar uma dívida de juros altíssimos, como o rotativo do cartão de crédito, por um empréstimo pessoal com taxas de cerca de 12% ao ano pode ser vantajoso. Mas é essencial seguir regras rígidas:
Não usar o crédito liberado para novas compras, evitando agravar ainda mais o endividamento; manter um plano de pagamentos claro; e analisar todo o contrato com cuidado antes de assinar.
O uso do crédito deve ser a derradeira alternativa em situações de emergência. Antes de recorrer a um novo empréstimo para pagar outro, explore todas as possibilidades de negociação e planejamento.
Recupere o protagonismo de sua vida financeira por meio de controle e planejamento financeiro, buscando orientação profissional se necessário. Dessa forma, você transformará uma aparente saída rápida em um projeto sólido de estabilidade e liberdade.
Referências