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Evite usar empréstimo para pagar outros empréstimos

Evite usar empréstimo para pagar outros empréstimos

04/03/2025 - 10:24
Felipe Moraes
Evite usar empréstimo para pagar outros empréstimos

Em um país onde mais de 61 milhões de brasileiros estavam inadimplentes em 2020, a busca por soluções rápidas para aliviar o peso das dívidas tornou-se rotineira. Muitas pessoas, afundadas em pagamentos de cartão de crédito e cheque especial, acabam recorrendo a um novo empréstimo para quitar outro e encontrar um fôlego momentâneo.

Essa estratégia, embora aparentemente inteligente, pode esconder armadilhas capazes de transformar um alívio imediato em uma bola de neve impossível de conter. Antes de considerar essa alternativa, é fundamental refletir sobre os riscos e explorar caminhos mais sustentáveis.

O ciclo perigoso do endividamento

Tomar um empréstimo para pagar outro pode parecer um verdadeiro respiro quando as datas de vencimento se acumulam. No entanto, esse movimento financeiro costuma dar início a um ciclo vicioso:

Você contrai uma nova dívida, muitas vezes sem remover completamente a anterior do seu radar, e acaba mantendo duas ou mais obrigações em aberto. A cada parcela paga, o saldo devedor pode reduzir-se muito pouco, especialmente se a taxa de juros do primeiro empréstimo era elevada.

Em pouco tempo, a soma dos encargos e dos juros resultantes das múltiplas operações pode superar o montante originalmente contratado, tornando a sustentabilidade do orçamento doméstico cada vez mais frágil.

Por que buscamos esse tipo de solução?

  • Dimensionar o valor da parcela mensal sem considerar o custo total;
  • Tentar trocar dívida muito cara por uma mais barata e aliviar o orçamento;
  • Satisfazer a necessidade urgente de alívio em meio a imprevistos como desemprego ou despesas médicas;
  • Acreditar que condições facilitadas significam economia a longo prazo.

Os riscos dessa estratégia

Embora a vontade de reorganizar dívidas seja legítima, recorrer a um novo empréstimo para esse fim implica em perigos reais. Entre eles, destaca-se o alto custo de juros rotativos de operações de crédito imediatas, como o cartão de crédito, que podem ultrapassar 1.000% ao ano.

Além disso, muitas instituições aplicam taxas administrativas ou de análise, o que pode elevar o custo efetivo em até 5% sobre o valor contratado. Sem falar no risco de crédito: ao acumular operações, seu score cai, e o próximo empréstimo poderá vir com juros ainda mais elevados.

O cenário se agrava quando a facilidade no acesso ao crédito atinge grupos vulneráveis, como aposentados, pensionistas e servidores públicos. Essas pessoas podem se sentir seguras com o volume de empréstimos liberados, mas, na verdade, aumentam seu risco de falta de planejamento financeiro e superendividamento.

Alternativas eficazes

  • Investir em um processo de renegociação direta com cada credor, sempre observando o Custo Efetivo Total (CET);
  • Utilizar a portabilidade de crédito para transferir dívidas a bancos com juros menores, sem novas operações;
  • Buscar educação financeira para revisar todas as despesas, criar um orçamento detalhado e priorizar as dívidas com maior taxa de juros;
  • Procurar o apoio de órgãos de defesa do consumidor e serviços de atendimento a endividados.

Quando pode fazer sentido?

Embora incomum, trocar uma dívida de juros altíssimos, como o rotativo do cartão de crédito, por um empréstimo pessoal com taxas de cerca de 12% ao ano pode ser vantajoso. Mas é essencial seguir regras rígidas:

Não usar o crédito liberado para novas compras, evitando agravar ainda mais o endividamento; manter um plano de pagamentos claro; e analisar todo o contrato com cuidado antes de assinar.

Recomendações práticas

  • Nunca avaliar apenas o valor das parcelas: calcule o montante total a pagar;
  • Fique atento a custos ocultos, como seguro embutido e taxas administrativas;
  • Não empreste seu cartão ou nome a terceiros: o risco jurídico e financeiro é enorme;
  • Defina metas realistas de quitação e corte gastos supérfluos para acelerar o processo;
  • Considere como um último recurso consciente a tomada de crédito acima de 12% ao ano.

Considerações finais

O uso do crédito deve ser a derradeira alternativa em situações de emergência. Antes de recorrer a um novo empréstimo para pagar outro, explore todas as possibilidades de negociação e planejamento.

Recupere o protagonismo de sua vida financeira por meio de controle e planejamento financeiro, buscando orientação profissional se necessário. Dessa forma, você transformará uma aparente saída rápida em um projeto sólido de estabilidade e liberdade.

Felipe Moraes

Sobre o Autor: Felipe Moraes

Felipe Moraes