Administrar suas finanças com sabedoria é fundamental para garantir uma vida equilibrada e sem surpresas desagradáveis. Quando o assunto é crédito, muitas vezes o barato pode sair caro se não houver planejamento e disciplina.
Este artigo reúne dados, histórias e dicas práticas para você entender por que manter mais de dois cartões de crédito pode ser arriscado e como organizar melhor seus gastos.
Nos últimos anos, o Brasil registrou um aumento exponencial na emissão de cartões de crédito. Segundo a Associação Brasileira de Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), em 2023 havia mais de 155 milhões de cartões ativos em circulação.
Fatores como a digitalização dos serviços bancários, alianças entre grandes lojas e fintechs, além de ofertas de crédito facilitado durante a pandemia, contribuíram para essa expansão. Muitos consumidores passaram a enxergar os cartões como extensão imediata da renda, sem avaliar devidamente os riscos.
Essa disponibilidade, embora atraente, criou uma facilidade para gastar mais do que pode pagar e alimentou o conceito de crédito como moeda fracionada, na qual cada compra parece ter um impacto isolado, quando na verdade soma-se a uma dívida global.
Ter diversos cartões não significa ter poder financeiro. Pelo contrário, cada plástico adicional exige atenção a prazos, taxas e limites. A falta de um controle consolidado pode levar a falhas graves no orçamento.
Veja a seguir os principais perigos de se basear no limite cumulativo para decidir seus gastos:
Levantamentos do Serasa Experian mostram que cerca de 65% dos consumidores endividados mencionam cartões de crédito como agente principal do problema. A taxa média de juros do rotativo ultrapassa 300% ao ano, o que equivale a um verdadeiro "imposto" sobre quem atrasa o pagamento.
Consultores financeiros reforçam que, ao cruzar limites de mais de dois plásticos, dificulta-se o monitoramento de gastos. “Raramente vejo alguém manter três ou quatro cartões sem apresentar ao menos um atraso significativo ao longo de um ano”, afirma André Silva, planejador financeiro em São Paulo.
Caso inspirador: Maria, de 34 anos, jornalista, tinha quatro cartões de diferentes bancos e acumulou uma dívida de R$ 12 mil em seis meses. Somente ao concentrar todos os gastos em um único plástico e renegociar o saldo devedor, ela conseguiu quitar a dívida em 18 parcelas fixas, retomando o equilíbrio.
Com a ajuda de um consultor, Maria listou todas as despesas em ordem de prioridade, cortou assinaturas desnecessárias e destinou 20% de sua renda mensal para o pagamento de dívidas, além de criar um planejamento financeiro para os próximos seis meses.
Regiões metropolitanas apresentam maior concentração de inadimplência por cartões, mas o endividamento também cresce em cidades de médio porte. Em municípios do interior, a falta de acessibilidade a produtos financeiros fomenta o parcelamento no cartão como única forma de crédito disponível, gerando prejuízos de longo prazo.
Apesar dos perigos, dois cartões bem geridos podem trazer vantagens pontuais:
Esses benefícios, no entanto, são aproveitáveis apenas por quem mantém pendências que podem sair do controle sob rigorosa vigilância financeira.
Para quem já tem múltiplos cartões e deseja proteger seu orçamento, seguem estratégias práticas:
Revisitar contratos e solicitar redução de taxas pode aliviar o peso das faturas. Muitas instituições aceitam renegociar juros e oferecer condições especiais para quem demonstra esforço de pagamento.
Como alternativa ao crédito rotativo, avalie linhas de empréstimo com juros mais baixos para quitar dívidas emergenciais e manter o controle do fluxo de caixa.
Ao reduzir a quantidade de cartões, você também minimiza a exposição a juros excessivos e preserva sua pontuação de crédito. O uso consciente de crédito é uma habilidade que pode ser desenvolvida com disciplina e planejamento.
Evitar mais de dois cartões não é uma regra imutável, mas uma diretriz segura para quem ainda aprende a equilibrar ganhos e gastos. Ao adotar práticas que favoreçam a clareza financeira, você constrói uma trajetória de consumo mais sustentável e tranquila.
Referências