Em um cenário global cada vez mais voltado para a responsabilidade socioambiental, os fundos de ações com foco em sustentabilidade emergem como instrumentos capazes de aliar desempenho financeiro e impacto positivo. No Brasil, esse movimento ganha força diante da pressão de acionistas, consumidores e reguladores, impulsionando uma revolução no mercado de capitais.
O segmento de investimentos sustentáveis no Brasil experimentou um crescimento notável nos últimos anos. Entre dezembro de 2023 e outubro de 2024, o número de fundos passou de 134 para 257, quase dobrando em menos de um ano. Esse movimento reflete um interesse crescente de investidores institucionais e de varejo, em busca de ativos que ofereçam impacto socioambiental mensurável e confiável.
A partir de 2022, a Anbima implementou normas rígidas para o uso de rótulos “verde” e “ESG”, garantindo maior credibilidade e prevenção ao greenwashing. Hoje, existem duas categorias principais:
Os recursos captados pelos fundos de ações sustentáveis são direcionados a setores estratégicos para a transição energética e a mitigação dos efeitos das mudanças climáticas. Destacam-se:
energia limpa e descarbonização industrial, programas de economia circular, produção de hidrogênio verde, recuperação de ecossistemas e mobilidade urbana sustentável.
Além dos títulos verdes emitidos pelo setor público e privado, parte expressiva dos recursos é alocada em empresas com governança robusta e metas claras de redução de emissões.
Os gestores desenvolvem elaborados processos de due diligence para identificar companhias com governança sólida, eficiência energética e políticas de inclusão social. A análise combina indicadores financeiros tradicionais e métricas de sustentabilidade.
Algumas práticas destacadas no mercado incluem parcerias com agências de rating ESG, uso de inteligência de dados para monitorar KPIs ambientais em tempo real e adoção de metodologias alinhadas ao Pacto Global da ONU. Essas iniciativas promovem economia circular e justiça climática, assegurando que o portfólio reflita o compromisso com as metas de Paris.
Apesar do entusiasmo, o segmento enfrenta obstáculos que exigem soluções colaborativas.
Superar esses desafios é fundamental para consolidar a confiança do mercado e ampliar a base de investidores engajados.
O Fundo Clima, principal mecanismo público do Brasil, aprovou R$ 11,2 bilhões para projetos de mitigação e adaptação climática em 2025, financiando desde infraestrutura resiliente até programas de logística verde. Já o Climate Investment Funds (CIF) destinou R$ 1,3 bilhão ao país, focando em programas de mitigação e adaptação climática em áreas vulneráveis.
Empresas nacionais, como Natura & Co, investem em economia regenerativa, enquanto grupos como Raízen aplicam capital em biocombustíveis de segunda geração. Esses exemplos demonstram a força da combinação entre retorno financeiro e legado ambiental.
As projeções para 2025 e além indicam uma integração ainda maior dos critérios ESG em todos os produtos financeiros. A tendência é que novos segmentos, como fundos de tecnologia limpa e infraestrutura de baixo carbono, ganhem destaque.
Para alcançar o próximo patamar, será essencial fortalecer a participação privada essencial para potencializar investimentos, estabelecer parcerias multilaterais e adotar sistemas de certificação independentes. Com isso, o mercado brasileiro de fundos de ações sustentáveis poderá liderar uma nova era de prosperidade verde, mostrando que é possível gerar valor e promover justiça climática simultaneamente.
Referências